Blockchain (que em tradução direta significa ‘corrente de blocos’) é uma tecnologia de registo distribuído (distributed ledger em Inglês)) que visa a descentralização como medida de segurança. Desta forma, tratam-se de bases de registos e de dados distribuídos e partilhados que têm a função de criar um índice global para todas as transações que ocorrem em um determinado mercado.
Contabilisticamente, funciona como um livro-razão, só que público, distribuído e universal, que permite criar consenso e consequentemente confiança na relação entre duas partes sem que tenha que existir previamente confiança entre as mesmas (dispensa de intermediário).
O registo de blocos é contínuo e a cadeia vai crescendo à medida em que novos blocos completos são adicionados de modo linear e cronológico. Cada ‘nó’ (cópia do registo de blocos completo conectada à rede) tem a tarefa de validar e partilhar as transações. Desta forma, cada cópia da blockchain possui o registo completo de todas as transações e saldos desde o primeiro bloco (bloco génesis) até ao momento presente.
HISTÓRIA
O primeiro estudo sobre uma cadeia de blocos criptograficamente seguras foi descrito por Stuart Haber e W. Scott Stornetta em 1991 no artigo “How to time-stamp a digital document” !
O objetivo era implementar um sistema em que os timestamps (ou em tradução livre “carimbos do tempo”) não pudessem ser adulterados.
No ano seguinte (1992), Bayer, Haber e Storetta no seu artigo “Improving the Efficiency and Reliability of Digital Time Stamping” incorporaram as árvores Merkle ao projeto. Esta adição melhorou a sua eficiência, permitindo que vários certificados fossem agregados num só bloco.
Houve vários desenvolvimentos e aplicações práticas, mas foi apenas com o Bitcoin em meados de 2018, que esta tecnologia ganhou grande notoriedade. Satoshi Nakamoto, no seu artigo de outubro de 2018: Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System, apresenta o Bitcoin e o sistema de registo – Blockchain.
Curiosamente o termo blockchain não foi definido como tal mas como “chain of blocks” (em tradução livre: “corrente de blocos”), tal como os tokens, que Satoshi Nakamoto cunhou de “chain of digital signatures” (em tradução livre: “corrente de assinaturas digitais”)
O termo “block chain” (separadamente) foi inicialmente utilizada no final de 2008, no Cryptography mailing list, por Hal Finney (um dos pioneiros do Bitcoin e o segundo a receber bitcoins, logo depois de Satoshi). Mas é bem provavel que tenha sido utilizado antes.
Mas foi apenas em 2009 que tanto Bitcoin e Blockchain foram lançadas em código aberto para o público.
DEFINIÇÃO
Basicamente, o Blockchain foi pensado como uma forma segura para se transferir criptoativos de uma pessoa para outra, tendo em vista uma forte desconfiança em uma moeda que não possui nenhuma regulamentação cambial de bancos ou Estados. No sistema atual, quando fazemos transações, precisamos de um intermediário confiável que assegure que essa transação seja concluída com sucesso.
No caso do Blockchain, trata-se de uma rede distribuída, onde não existem intermediários para realizar e validar uma transação, muito menos alguém para cobrar taxas de operação apenas pela transferência de risco.
Passando as definições mais genéricas sobre como o Blockchain funciona, irei agora desenvolver um pouco mais.
A unidade de informação no Blockchain é chamada de transação, não necessariamente representa dinheiro (ativo financeiro), pode ser qualquer coisa, desde música, até uma propriedade.
Cada utilizador e transação possui uma identificação própria, de modo que sem esses dados de identificação é impossível validar a transação.
Assim, há a transparência, partindo do pressuposto que a transação está registrada em todos os computadores da rede e qualquer um pode consultar. E ao mesmo tempo há privacidade, já a transação está identificada por uma chave (privada) do conhecimento exclusivo do utilizador.
NOTA sobre a privacidade: Não é inteiramente correto afirmar que as transações sejam totalmente privadas no sentido em que não se consegue garantir a anonimidade perfeita. Como tal, costuma-se referir às transações bitcoins como pseudónimas (pseudonimização – substituição de material pessoalmente identificável por identificadores artificiais)
O protocolo Blockchain vai posteriormente agrupar, de forma contínua, todas transações em forma de blocos – daí o nome BLOCK CHAIN (ou “corrente de blocos”).
Para a criação dos blocos é preciso respeitar algumas regras como: um tamanho máximo de transações que um bloco pode comportar ou conter apenas transações que sejam verificadas como válidas.
Enquanto as transações esperam para serem adicionadas a um novo bloco, estas permanecem temporariamente numa estrutura chamada de pool.
Os computadores da rede (conhecidos como “nós”) competem entre si para ver quem é o primeiro a resolver um desafio de cálculo e com isso a oportunidade de publicar o bloco.
O “nó” que se torna o primeiro a resolver o desafio para a publicação do bloco, avisa os restantes “nós” que efetuem a verificação e seja feita o consenso de validação.
O que se chama de “desafio de cálculo” trata-se de uma tarefa computacional que requer algum tempo (ca. de 8 minutos no caso do blockchain do Bitcoin) também conhecida como “minerar bitcoins”, que remunera com um determinado valor de bitcoins o “nó”. No caso da validação de blocos, esta é feita numa questão de segundos.
Quanto aos protocolos de consensos, os mais conhecidos são o Proof of Work (POW), que teve grande notoriedade com o criador do Bitcoin Satoshi Nakamoto, daí também por vezes ser chamado de “Nakamoto Consensus”. E o Proof of Stake (POS).
Em resumo
Blockchain funciona como uma base de dados, um “livro de registro” que garante a autenticidade e integridade dessa transação, partindo da impossibilidade de qualquer tipo de alteração.
De modo que controla a informação e evita qualquer tipo de duplicidade.
Algumas características do Blockchain:
1. Transparência | É possível ter a visualização de qualquer transação; |
2.Descentralizado | Não há necessidade de uma entidade intermediária que aprove a transação ou que determine certos regulamentos de contrato; |
3.Segurança | O banco de dados é imutável, em outra palavras, consiste em um registro que não pode ser alterado, revisado ou adulterado, nem mesmo para aqueles que operam a base de dados; |
4.Confiança | A validação de uma transação requer que os outros participantes entrem em consenso para possibilitar que esta seja validada; |
5. Automatizado | O software foi desenvolvido para que não haja duplicidade ou informação conflituosa, sendo assim, transações que não respeitem essa regra não são registradas dentro do Blockchain. |
— Para mim, blockchain foi o termo/conceito/tecnologia que me fez despertar para Bitcoin e os Criptoativos, foi aquilo que torna o Bitcoin tão especial e uma verdadeira revolução tecnológica!